Logo após a primeira viagem da Terra à Lua (Apolo 11), Carlos Alberto Alves Novaes, um colega de trabalho, pediu que eu escrevesse uma letra a partir desse fato. A partir do fato, e não sobre o fato. Algo que falasse da imaginária sensação de quietude de transitar por um espaço sem som. A letra de uma canção, para a qual ele comporia a música. Já havia ouvido algumas composições suas, e gostei muito. E ele cantava e tocava violão muito bem.
De princípio, levei a proposta meio na brincadeira. De certo modo porque ele queria que o texto fosse em inglês. Apesar de já ter me aventurado a escrever algumas letras em inglês, não me considerava capaz de produzir um texto convincente, ou pelo menos não banal, no idioma. Mas comecei a rascunhar e, no final, acabou saindo uma letra misturando o ânimo jocoso com uma ponta de vontade de conseguir um resultado razoável. Para o refrão me ocorreu uma alusão a uma das canções de musical Hair (Let the sunshine in), que passou a ser Let the silence in. Uma tentativa de associar a ausência de som à ausência de vestes, como na cena de nudez do musical.
No final, a música que ele escreveu teve o condão, para mim pelo menos, de fazer aquele efeito mágico que muitas vezes acontece nas canções: a música boa que salva uma letra ruim (e que, dizem, o contrário não é recíproco).
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