- Dois nós.
Com duas palavras e um gesto levantando os dedos médio e indicador, Audite sentou-se em frente a Nihil, na mesa da cafeteria.
- Certo. Então, fale dos dois nós para nós dois...
Mais uma vez os jogos de palavras de Nihil, piadista senil. Só pensou, não falou, apesar de que, já há algum tempo, o relacionamento entre eles havia perdido a frieza profissional dos primeiros contatos. Tornara-se algo mais agradável, amigável, em que as provocações corriam por conta de brincadeiras, sem qualquer resquício de hostilidade. Mas não quis aproveitar a oportunidade...
- É uma espécie de fio de Ariadne, o mito do labirinto...
- Eu sei, pode pular essa parte, o detalhista aqui sou eu...
- Tudo bem, então não reclame se eu superestimar sua percepção de continuidade. Porque não é um labirinto tradicional, demarcado por muros de arbustos.
Fez uma pausa, ponderou:
- Bem, imagine que você tem um labirinto desenhado. Numa folha de papel.
Mal disse isso, Audite percebeu na expressão de Nihil um ar de sarcasmo, uma espécie de revide à sua última fala:
- Sim, claro. Acho que com desenho vai ficar mais fácil.
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