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O Fiapo de AriADNe


Ariadne entrega o fio a Teseu, para adentrar o labirinto, em quadro de Pelagius Palagi (1775-1860).

- Dois nós.

Com duas palavras e um gesto levantando os dedos médio e indicador, Audite sentou-se em frente a Nihil, na mesa da cafeteria.

- Certo. Então, fale dos dois nós para nós dois...

Mais uma vez os jogos de palavras de Nihil, piadista senil. Só pensou, não falou, apesar de que, já há algum tempo, o relacionamento entre eles havia perdido a frieza profissional dos primeiros contatos. Tornara-se algo mais agradável, amigável, em que as provocações corriam por conta de brincadeiras, sem qualquer resquício de hostilidade. Mas não quis aproveitar a oportunidade...

- É uma espécie de fio de Ariadne, o mito do labirinto...

- Eu sei, pode pular essa parte, o detalhista aqui sou eu...

- Tudo bem, então não reclame se eu superestimar sua percepção de continuidade. Porque não é um labirinto tradicional, demarcado por muros de arbustos.

Fez uma pausa, ponderou:

- Bem, imagine que você tem um labirinto desenhado. Numa folha de papel.

Mal disse isso, Audite percebeu na expressão de Nihil um ar de sarcasmo, uma espécie de revide à sua última fala:

- Sim, claro. Acho que com desenho vai ficar mais fácil.





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