Não, não era Bar do Bardo o nome oficial do estabelecimento. Nem muito menos a versão no plural, Bar dos Bardos, que alguns costumavam usar.
Tu sabe bem que não. Afinal, tu conheceu o lugar quando ainda era chamado pelo nome de batismo. Mas isso não vem ao caso agora.
O que importa é entender como isso ocorreu.
O fato é que, algum tempo depois de inaugurado, o bar começou a ser frequentado por, vamos dizer assim, dois públicos bem distintos. Diferentes, para não dizer quase opostos. E não apenas no perfil das pessoas, mas também no horário habitual de frequência. Resumindo, era uma diferença brutal entre as pessoas que iam lá de dia e as que só davam as caras à noite. Era tão gritante que parecia que eram dois bares distintos: o bar diurno e o bar noturno.
Além da diferença de trajes, da aparência física e de comportamento, o que distinguia fundamentalmente os dois públicos era o teor das conversas. E o ânimo, evidentemente. O bar diurno, com clientela de conversas protocolares, em padrões que iam da negociação comercial aos comentários triviais dos assuntos corriqueiros do cotidiano. O bar noturno, frequentado pelo pessoal das artes e intelectuais com afinidades culturais e políticas, principalmente.
A designação teve origem numa caracterização curiosa dos frequentadores do local. E numa atitude irônica, ou de mera galhofa, de uma parte desse público.
A atitude irônica
Tanto que cada um desses dois públicos, pelo menos parte significativa deles, adotara designação própria para se referir ao bar.
Para a turma do dia era o Bar Dobrado. Isso começou com uma alusão jocosa aos dois proprietários do estabelecimento que, segundo os mais chegados, formavam uma dobradinha perfeita na administração dos negócios. Já haviam sido sócios anteriormente, sempre com grande sucesso comercial. Daí, por simplificação linguística, o bar da dobradinha virou Bar Dobrado.
A turma da noite, de certo modo ironizando o anedotário da versão da parceria comercial, transformou Bar Dobrado em Bar do Brado, porque as conversas da noite não raro descambavam para acirradas discussões estéticas e ideológicas, que às vezes alguns pareciam querer vencer, os debates, no grito. Posteriormente, amenizaram a ironia, suavizaram o termo, e passaram a se referir ao local como Bar do Bardo, o
Bem, havia um terceiro nome com que o estabelecimento era conhecido, O nome oficial de fantasia era Lanches Rainha, mas todo mundo usava a palavra Bar
Tanto que cada um desses dois públicos, pelo menos parte significativa deles, adotara designação própria para se referir ao bar.
Para a turma do dia era o Bar Dobrado. Isso começou com uma alusão jocosa aos dois proprietários do estabelecimento que, segundo os mais chegados, formavam uma dobradinha perfeita na administração dos negócios. Já haviam sido sócios anteriormente, sempre com grande sucesso comercial. Daí, por simplificação linguística, o bar da dobradinha virou Bar Dobrado.
A turma da noite, de certo modo ironizando o anedotário da versão da parceria comercial, transformou Bar Dobrado em Bar do Brado, porque as conversas da noite não raro descambavam para acirradas discussões estéticas e ideológicas, que às vezes alguns pareciam querer vencer, os debates, no grito. Posteriormente, amenizaram a ironia, suavizaram o termo, e passaram a se referir ao local como Bar do Bardo, o
Bem, havia um terceiro nome com que o estabelecimento era conhecido, O nome oficial de fantasia era Lanches Rainha, mas todo mundo usava a palavra Bar
Seria aceitável dizer que eram dois bares num só local.
O bar diurno, com clientela de conversas protocolares, em padrões que iam da negociação comercial aos comentários triviais dos assuntos corriqueiros do cotidiano.
E o bar noturno, frequentado pelo pessoal das artes e intelectuais com afinidades culturais e políticas, principalmente.
Em raríssimas exceções, alguma mesa reunia uma figura usualmente associada ao bar diurno com uma figura associada ao bar noturno. Supõe-se, na verdade. De fato, tu só sabe de um caso apenas. E isso porque te envolve diretamente.
"Por uma fatalidade dessas que descem do além", como cantava o poeta, circunstâncias da atuação exclusivamente profissional acabaram por te enredar num relacionamento pessoal com um dos donos do bar.
Em raríssimas exceções, alguma mesa reunia uma figura usualmente associada ao bar diurno com uma figura associada ao bar noturno. Supõe-se, na verdade. De fato, tu só sabe de um caso apenas. E isso porque te envolve diretamente.
"Por uma fatalidade dessas que descem do além", como cantava o poeta, circunstâncias da atuação exclusivamente profissional acabaram por te enredar num relacionamento pessoal com um dos donos do bar.
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