Composição de F. Chopin, com interferências literárias e musicais de Gil Nuno Vaz, a partir de Manhã de Carnaval, de Luiz Bonfá, e Pierrot Lunaire, de Arnold Schoenberg.
O Noturno em Mi menor (Opus 72, n. 1), obra da juventude de Chopin, publicada postumamente, tem as notas iniciais de sua melodia ligeiramente repercutidas nas notas iniciais de Manhã de Carnaval, de Luiz Bonfá.
Essa breve e, de certo modo, frágil semelhança traz à mente, por força do tema da canção popular, uma personagem característica dos festejos momescos: o Pierrô, sofrida figura de um triângulo escaleno de amor.
A inusitada evocação remete à composição Pierrot Lunaire, ciclo de 21 canções escritas por Arnold Schoenberg, das quais a quinta canção tem por título Valsa de Chopin.
O esplendoroso dia de uma Manhã de Carnaval gera um pierrô lunar, um palhaço noturno que, dançando uma melancólica e sombria valsa de Chopin, retorna ao ponto de partida, o póstumo Noturno juvenil do autor, com interferências literárias e musicais das composições e temas que repercute.
NOTURNO
Luar, tão bonito luar
E um bêbado Pierrô lunar
Valsa no ar
Tão bonito luar
Luar, que luar!... tão bonito luar
Luar
Valsa no ar
Pierrô lunar
Valsa, Pierrô lunar,
Tão bonito luar
Tão bonito luar
Pierrô no ar
Alça a valsa
Ao luar
Da noturna valsa
O que será à luz do dia?
Soturna e falsa,
Tão melancólica e sombria?
Manhã
Será luminosa manhã?
Ou será nebulosa manhã?
Tão bonita ou aflita manhã?
E uma valsa luzidia
Haverá
Na manhã do novo dia
Que virá? Virá...
Manhã, que manhã...
Tão bonita e tão bela manhã afinal
É nossa manhã de Carnaval
Afinal é manhã de Carnaval
Na manhã solar
Manhã tão bela afinal
Valsa o ébrio Pierrô lunar
Na manhã de Carnaval
Afinal
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