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No Fundo do Rio (cena sem Pagu)


Letra em português em variação livre do tema literário da canção Complainte de la Seine, com música de Kurt Weill.


O texto original, de Maurice Magre, evoca a morte e as dores humanas suscitadas pela descrição de corpos, sentimentos e objetos presentes no fundo do rio.


A versão em português evoca a ausência de um corpo naquela profundidade, em "morte anônima" de um frustrado gesto final.









No fundo do rio, o-que-é-que-tem?

Não sei nem ninguém sabe o-que-é-que-tem

No fundo do rio o que se tem

No fundo do rio é-o-que-não-tem.


No fundo do rio o que não tem

Corpinho esguio que é de vai-e-vem

Que dá arrepio, que é de mexer

E dói que é bom de fazer doer


No fundo sem sol, que é tão sombrio,

Sem Solange Sohl, que seus pés não dão

Nem um passo só sob o leito frio,

Um prego espetado no coração


E não tem também não tem Mara Lobo

Nas águas de um parque fluvial

O que tem é só um mero afobo

No fundo do rio em cor local


O rio corrente é um teatro somente

Tão só um canal, nada mais que um canal

Que quer dizer nada é o quê que quer

A mulher do povo, a mulher


Menina, o quê?

Que queres tu?

Amiga, o quê?

Que dizes tu?

Nada, nada mais

Só nada mais, só

De quem quer dizer

De quem quer dizer

De quem quer dizer

Que queres tu?


No fundo do rio, o que é que tem?

Um palco vazio, um cenário nu

No último ato, o que não tem?

Na última cena, não tem Pagu.













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