Morte e Transubstanciação é uma reconfiguração da composição REQUIEM (1981) no formato de inexcerto, ou seja, um conteúdo adaptado para inserção num inextrato. No caso, na inexposição NOVENADAVIDA.
Apresenta a mesma decomposição do texto da primeira estrofe do soneto Transubstanciação, de Raul de Leoni, com a introdução de alguns elementos similares, mas não constantes, na peça coral original.
Um deles é a utilização da peça musical que deu origem ao duo vocal: a seção 4 de uma peça para piano, FRAGMENTOS, escrita entre fins da década de 1960 e início da seguinte.
Outro elemento é acrescentar ao processo de decomposição do texto (aludido na peça original por meio da extração progressiva dos sons consonantais) um efeito de rebaixamento também progressivo das frequências tanto da fala como da interpretação pianística no registro sonoro.
Obs. Os recursos utilizados na exploração sonora do texto de Raul de Leoni são soluções que norteavam a ideia de formação de um grupo de declamação poética na Sociedade Ars Viva, em princípios da década de 1980. Seria o JOGRAL ARS VIVA, proposta que reuniu um grupo de seis poetas, mas não chegou a ser desenvolvida, sendo apenas realizada a edição de um caderno mimeografado (COM QUE ROUPA?) com poesias de seus integrantes.
Esta carne em que existo há de tornar-se um dia,
Em húmus germinal, em seiva fecundante,
Decompondo-se em Pó, há de ser a energia
De vidas que sobre ela hão de viver adiante...
Será fonte, Princípio, a tábida apatia
De um movimento novo, intérmino e constante,
Sua ruína será a feraz embriogenia
De outros tipos de Vida, instante para instante.
Há de um horto florir por sobre o seu passado:
Borboletas iriais e anêmonas olentes,
Vidas da minha Morte, eu mesmo transformado...
E, assim, irei buscando a Perfeição perdida,
Vivendo na Emoção de seres diferentes,
Que a Morte é a transição da Vida para a Vida...
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