Neste lugar solitário
faz a conta mais doída
em lançamentos diários
a soma de sua vida.
(Grafito, José Paulo Paes)
A primeira vez que ouvi falar de José Paulo Paes foi por uma citação oral de Cid Marcus, em 1971, professor de Teoria da Comunicação, no Curso de Comunicação Social da Universidade Católica de Santos. A propósito do quê, já não lembro. Ele declamou o poema Descartes às Avessas (cogito ergo pum), acrescentando uma referência elogiosa ao poeta. Fui ver do que se tratava. A poesia estava no livro Anatomias, que me introduziu a outros poemas do autor e, na sequência, a outros livros: Resíduo, Meia Palavra e muitos mais.
Um dia, após a leitura do ensaio Aquele Que Não Se Perdeu Pelo Nome, se não me engano numa edição da revista Vozes, e curioso pela inserção de uma figura como O Conde de Monte Cristo em temática da ficção-científica, tomei a iniciativa de tentar um contato, mediato, com o poeta. Uma carta com algumas questões em busca de esclarecimento e, na expectativa de despertar sua curiosidade ou, no mínimo, merecer sua generosidade, um pequeno anexo com um projeto de livro.
Foi a primeira de algumas trocas de correspondência que mantive com José Paulo Paes.
Gilberto Mendes, que também o admirava, e escrevera canções com várias de suas poesias, sugeriu um dia que fôssemos visitá-lo, em sua residência. Acabamos postergando a intenção, até que se tornou muito tarde. E nunca o conheci, pessoalmente. Alguns anos depois de sua morte, falei por telefone com a viúva, Dora, a propósito de uma composição que estava escrevendo sobre o poema Como Armar um Presépio. A calorosa conversa, de certo modo, amenizou o sentimento de perda.
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