Composição inspirada no oitavo e último poema (Bahia) de Lanterna Mágica, de Carlos Drummond de Andrade, publicadas em seu primeiro livro (Alguma Poesia):
"É preciso fazer um poema sobre a Bahia / Mas eu nunca fui lá!"
Na intenção de experimentar fusões culturais, com certo rigor mas misturado a estereótipos, imaginei tratar o desconhecimento de um lugar a partir do estranhamento de alguém vindo de outro meio cultural. E escolhi o Japão, pela condição antípoda do Brasil.
Escrevi um pequeno poema no formato de um haicai, com sua estrutura em três linhas, na divisão 5 - 7 - 5. Ou melhor, um duplo haicai, o primeiro como uma epígrafe, introduzindo o segundo:
em homenagem
à Bahia com H
letra-música
ontem Bahia
(ontem Bahia) H
hoje Bahia
Haicai foi criada para interpretação por um pequeno conjunto coral (vozes sem alturas definidas, apenas com indicações de motivos melódicos que seguiam uma sequência predeterminada, mas não rígida) e percussão, com indicações semelhantes, para instrumentos típicos como agogô, tamborim e outros.
Foi escrita em 1972, com o objetivo de para participar do IV FeMPo - Festival de Música Popular da Baixada Santista. Para isso, com colegas universitários, principalmente da Faculdade de Comunicações de Santos, foi montado um grupo vocal denominado O BAHU, com a grafia que repercutia o jogo mudo/sonoro da letra, em consonância com a poesia de Drummond. Desse grupo saiu a base de formação do grupo QUORUM, que viria a participar em 1973 e 1974 do IX e X festivais Música Nova.
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