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CORRENTEZA


Não seria um debate igual aos outros. Os indícios, ou a falta deles, eram evidentes. Toda vez que se encerrava uma sessão do CineDeBatePapo... ou melhor, que se suspendia, geralmente à espera de novas informações... divulgava-se, de hábito, a pauta da próxima sessão. E, como de praxe, na rotina dissimuladora da escolha do tema, indicava-se um conteúdo específico, entre os vários em exposição ou exibição.


O procedimento não foi seguido à risca. No painel instalado no centro do átrio, plenário da assembleia, a pauta do dia seguinte consistia de uma única palavra: Correnteza. Não havia qualquer conteúdo com tal denominação, ou que a ela sugerisse estar associado.


Assim, ao ocuparem as mesas temáticas do CineDeBatePapo, na retomada diária da assembleia permanente, eram visíveis na expressão, faces e gestos, dos kyneaztaz e kryptykoz, os sinais de curiosidade, se não de ansiedade, que floresciam de suas eriçadas peles e mentes.


A roteirista, na mesa 1: Era Uma Vez
A roteirista, na mesa 1: Era Uma Vez

Não havendo uma vinculação específica entre a indicação verbal no painel e uma mesa temática, coube à mesa de número 1 assumir a continuidade da assembleia. Ponderou então a roteirista que deveria ser feita uma reflexão prévia sobre os encaminhamentos potencializados pela palavra inscrita no painel.


- Consultando os registros históricos da programação, bem como as sugestões de conteúdos a serem avaliados para exibição ou exposição nos ambientes e recintos do cinema, vislumbrei duas possibilidades de associações com a ideia de correnteza, mediante referências fluviais.


Sauna, um dos recintos do ambiente IN-EX de Cine Inês.
Sauna, um dos recintos do ambiente IN-EX de Cine Inês.

Indagados e acordados os kyneaztaz e kryptykoz sobre a oportunidade de iniciar a reflexão prévia pela observação dos conteúdos referidos, passaram todos ao recinto Sauna. Sempre que um tema em debate suscitasse algum tipo de precaução visando à necessária discrição das atividades, a Sauna era o local indicado para as reuniões.


Antes, a mesa 1 propôs começar com o conteúdo ainda não exibido no cinema. Uma canção: Old Moon River Run. O texto, à primeira vista, parecia tratar de uma extrapolação da percepção do rio,  expandindo-a de acidente geográfico, para além do contexto terrestre. Seria isso? Ou só isso?




Antes de convidar a mesa 6 a se manifestar, a propositora ABZeh



Meu velho, velho rio lunar

Mais velho do que a vida inteira

Meu velho, velho lunário

Antigo rio mar, rima primeira

Que se ouviu

Canção desdobrável

Conto cantável

Palavra em dia


Remoto rio corre

Mais além de toda a via

Distante rio morre

No alento que expia

O que se viu

Do amor audaz

Lua que jaz

Palavra fria


Era um velho rio

Em sua era primeira

Tão remoto rio

Rima sobranceira

Que se esvaiu

Sem vida a levar

Sem amor a dar

A lavra, vazia



A trilha musical, na mesa 6.
A trilha musical, na mesa 6.

Dois temas melódicos emblemáticos da representação fluvial em música (das canções Old Man River, de Jerome Kern e Oscar Hammerstein II, e Moon River, de Henry Mancini e Johnny Mercer) confluem para um terceiro motivo icônico de rio (No Belo Danúbio Azul, de Johann Strauss Jr.).


A canção resultante (Old Moon Riverrun), uma curta articulação dos três temas, simples e concisa, busca evocar as figurações do riverrun de James Joyce (Finnegans Wake) e da terceira margem do rio de João Guimarães Rosa (Primeiras Estórias), em três estrofes que deslizam, qual fluxo das águas, na correnteza circular do tempo, da linguagem e do mundo, cujos começo, fim e recomeço tem seu ponto de inflexão na mesma nota musical.



Já se sentia, sem dúvida, desde a sessão anterior, uma estranheza no ar, uma vez que se dera o tema por esgotado, sem ter sido anunciada a próxima pauta, a ordem do dia seguinte, como era de costume.


pelo menos por certo tempo. Embora o retorno de pautas fizesse parte da dinâmica da assembleia permanente, sempre . havia sidnão sobreveio de um conteúdo específico exibido nos recintos do cinema. Resultou de inquietações sobre a própria rede em que os kyneaztaz e kryptykoz se sentiam enredados. E que, no entrelaçamento dos canais, parecia ser tecido um enredo de cantos correntes, que os transfiguravam em amálgama de arquitextores.

 

E o que constava na ordem do dia que colocou em pauta o debate?


 Notas sobre as questões e reflexões decorrentes de uma das pautas da assembleia permanente do CINEDEBATEPAPO, envolvendo principalmente as mesas temáticas Assinaturas e The Talk of the Town.





UMA OBRA E SEU AUTOR. UM AUTOR E SUA OBRA. UMA OBRA... SEM AUTOR?



Ao tomar contato com uma obra qualquer de um determinado autor, quais elementos percebidos e suscitados nesse processo de recepção constituem objetos da apreciação da obra? Estamos referindo uma criação unitária, tal como uma novela, um conto, uma fotografia, um filme, uma peça teatral, um quadro, uma escultura, uma poesia, uma canção, uma peça musical para piano, etc.

 

 

Ao tomar contato com várias obras (avulsas) de um determinado autor, quais elementos percebidos e suscitados nesse processo de recepção constituem objetos da apreciação das obras usufruídas? Estamos nos referindo, por exemplo, a três novelas de um escritor, quatro canções de um compositor, dois filmes de um diretor, quatro peças teatrais de um dramaturgo, etc.

 

Ao tomar contato com uma reunião de obras de um determinado autor num suporte midiático,  Estamos nos referindo, por exemplo, a um livro de poemas avulsos reunidos, a um disco fonográfico ou semelhante suporte sonográfico

 

 

Ao tomar contato com uma coletânea de obras de um determinado autor, quais elementos percebidos e suscitados nesse processo de recepção constituem objetos da apreciação das obras usufruídas? Estamos no referindo, por exemplo, a uma trilogia de filmes ou de novelas com um foco comum, a uma tetralogia de óperas, como em Wagner.

 

 





















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