Quando tu te vê no convés do Bremen, imediatamente tu percebe aquela figura solitária quase no final do deque, em pé, e reconhece nela o Alfaiate, ainda jovem, no momento em que guarda no bolso do casaco, ou do paletó, uma folha de papel, presumivelmente uma carta. Tu te aproxima devagar, quase sorrateiramente. Parece que ele nem nota a tua presença, absorto em algum pensamento ou simplesmente distraído. Tu te debruça sobre a murada do convés, cruzando as mãos como quem se aquece e se resguarda do frio e do vento noturno do Atlântico..Tu aguarda alguns minutos ao lado, silente, à espera de alguma reação. O tempo se estende e ele não dá qualquer indício de te ter percebido.
Quanto tu já está no limite da ansiedade, um grande ruído irrompe do interior do navio, provavelmente do salão de festas, e tu ouve gritos de "viva o ano novo" e "salve 1924".
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