top of page

Coisas do Mundo na Semiótica de Minha Nega (1) - Latência























Esboço do início de ensaio sobre semiótica e percepção.



1. LATÊNCIA, O ESTADO DA PRIMEIRIDADE


O estado inicial da percepção é estabelecido por um mero sentimento no limiar da experiência, "uma qualidade qualquer, na medida em que for um signo" (Peirce CP 2:254).


O signo com todos os correlatos na categoria de Primeiridade tem como característica a percepção de uma qualidade de sensação, a qualidade pura que compõe cada signo. Uma cor, um timbre sonoro, uma textura, um aroma, um gosto. Não a sensação que experimentamos ao ver, ouvir, tocar, cheirar ou degustar. A qualidade em si da sensação, independente dela. Entra aí, até, a qualidade do que se imagina. O signo, em tais condições, é pura sensorialidade. Não pode expressar nada mais do que uma qualidade de sensação, e só como tal pode ser percebido.


É a virtualidade absoluta de algo que se encontra em estado de latência. Este termo é usado não apenas no sentido psicogênico em que "o lactente não manifesta qualquer índice de uma consciência de seu eu, nem de uma fronteira estável entre dados do mundo interior e do universo externo" (Piaget 1975:133). Expande-se para além da percepção orgânica, como quando o raciocínio de Piaget parece aproximar-se da mente interpretante de Peirce, ao afirmar que "o conhecimento não procede, em suas origens, nem de um sujeito consciente de si mesmo nem de objetos já constituídos (do ponto de vista do sujeito) que a ele se imporiam", mas de "interações que se produzem a meio caminho entre os dois, dependendo, portanto, dos dois ao mesmo tempo, mas em decorrência de uma indiferenciação completa e não de intercâmbio entre formas distintas. De outro lado e, por conseguinte, se não há, no início, nem sujeito, no sentido epistemológico do termo, nem objetos concebidos como tais, nem, sobretudo, invariantes de troca, o problema inicial do conhecimento será pois o de elaborar tais mediadores." (Piaget 1975:132)


Sendo a latência um estado pré-sentido, a Fig. 1.2.3 representa o signo de primeiridade como um espaço de estados em formação, em processo de delineamento na percepção do observador. A eventual ocorrência de um ponto nesse espaço ainda não consegue se destacar do fundo. Peirce (CP 1:303) refere-se a esse estado como o torpor de uma sonolência, em que se tem "um sentimento muito vago, de um sabor salgado, de uma dor, de um desgosto, ou de uma nota musical prolongada. Isto constituiria aproximadamente um estado de sensibilidade monádico".


Espaço vazio. Um ser estar. Coinstituinco- se em signo. Disponibilidade. Canal aberto. O olho ante(s d)a luz. O tato pré-toque. Suspenso. Subpenso. O espaço no curso do tempo, do curvo espaço-tempo.


Consequentemente, a classe é única e absoluta, possuindo apenas um grupo, que é a própria classe, como indica o Quadro


ANTES DA SINGULARIDADE

I. Sensorialidade

1. Sensorialidade


A sensação de Ocorrência que caracteriza a segunda classe de signo desmembra-se em três grupos, que estão indicados no Quadro 2.2 pela numeração de 2 a 4.


Criação

CONTATO

Evento

II. Ocorrência

2. Sensação (Ocorrência Sensorial do Evento)

3. Distinção (Ocorrência Diferencial do Evento)

4. Caráter (Ocorrência Especificadora do Evento)


As diferenças entre os cinco grupos que formam esta classe de signos acontecem ao nível da percepção do interpretante.


CriaDOR

CONTATO

Evento

III. Recorrência

5. Registro (Recorrência à Sensação do Evento)

6. Categoria (Recorrência à Distinção do Evento)

7. Uso (Recorrência ao Caráter do Evento)

8. Origem (Recorrência ao Gerador do Evento)

9. MOTIVAÇÃO (Recorrência à Intenção do Evento)


CAUSA

IV. Decorrência

Evento

10. Chamariz (Decorrência Intuída do Evento)

11. Indício (Decorrência Demonstrada do Evento)


CONSCIÊNCIA

V. Padrão

Tipo

12. Padrão de Tipo de Sensação

13. Padrão de Tipo de Diferenciação

14. Padrão de Tipo de Caráter

Vinculação

15. IMAGEM (Padrão de Vinculação de Distinção)

16. DIAGRAMA (Padrão de Vinculação de Caráter)

Partilha

17. METÁFORA (Padrão de Partilha de Caráter)


CONSCIÊNCIA

VI. Marca

Tipo

18. Marca de Tipo de Registro

19. Marca de Tipo de Categoria

20. Marca de Tipo de Usos e Costumes

21. Marca de Tipo de Proveniência

22. Marca de Tipo de Motivação

Vinculação

23. Marca de Vínculo de Registro

24. Marca de Vínculo de Categoria

25. Marca de Vínculo de Usos e Costumes

26. Marca de Vínculo de Proveniência

27. Marca de Vínculo de Motivação

Partilha

28. Marca de Partilha de Registro

29. Marca de Partilha de Categoria

30. Marca de Partilha de Usos e Costumes

31. Marca de Partilha de Proveniência

32. Marca de Partilha de Motivação


VII. Identificação

Tipo

33. Sintoma (Identificação Intuída de Tipo)

34. Sintoma (Identificação Demonstrada de Tipo)

Vinculação

35. Revelato (Identificação Intuída de Vínculo)

36. Revelato (Identificação Demonstrada de Vínculo)

Partilha

37. Referato (Identificação Intuída de Parte)

38. Referato (Identificação Demonstrada de Parte)


COGNIÇÃO

VII. Acepção

Convenção

39. Símbolo Abstrato (Acepção de Convenção de Registro)

40. SÍMBOLO SINGULAR DE COMUNIDADE (Acepção de Convenção de Categoria)

Código denotativo

41. SÍMBOLO SINGULAR DE REGRA (Acepção de Convenção de Uso)

42. SÍMBOLO SINGULAR DE SUJEITO (Acepção de Convenção de Origem)

43. SÍMBOLO SINGULAR DE ATITUDE (Acepção de Convenção de Motivação)

Expressão

44. CAMPO EXPRESSIVO (Acepção de Expressão de Categoria)

(Conotação)

45. FORMA (Acepção de Expressão do Uso)

46. ENREDO (Acepção de Expressão de Origem)

47. EXPRESSÃO DA CARÊNCIA (Acepção de Expressão de Motivação)

Tradição

48. Mito (Acepção de Tradição de Uso)

49. Dogma (Acepção de Tradição de Origem)

50. Rito (Acepção de Tradição de Motivação)

Vontade

51. Valor (Acepção de Vontade da Origem)

52. Prática (Acepção de Vontade da Motivação)

Necessidade

53. Crença (Acepção de Necessidade da Motivação)


IX. Delimitação


Convenção

54. Conjetura

55. Conjetura

Expressão

56. Experimento

57. Experimento

Tradição

58. Hábito

59. Hábito

Vontade

60. Compulsão

61. Compulsão

Necessidade

62. Contingência

63. Contingência


X. Exegese

Prova

64. Abdução (Exegese Intuída da Confirmação)

65. Indução (Exegese Demonstrada da Confirmação)

Formulação

66. Dedução (Exegese Demonstrada da Forma)


A Decorrência que caracteriza a quarta classe de signos desmembra-se em dois grupos. O Quadro 2.4 indica esses grupos pelos números 10 e 11.


O padrão de informação que caracteriza a quinta classe de signo desmembra-se em seis grupos. O Quadro 2.5 indica esses grupos pela numeração de 12 a 17.


Consideradas também as categorias que os correlatos apresentam, como resultado da relação que estabelecem com os planos (Imediato, Dinâmico e Final), mais a relação do Interpretante com o novo signo, resultado da ligação que mantém com o Objeto Dinâmico e o Fundamento, o cunho nominativo que caracteriza a sexta classe de signos desmembra-se em quinze grupos.

A Fig. indica esses grupos pela numeração de 18 a 32. Para melhor compreender como funcionam os referidos grupos, eles podem ser ainda sub-divididos em três blocos, a seguir:


Consideradas também as categorias que os correlatos apresentam, como resultado da relação que estabelecem com os planos (Imediato, Dinâmico e Final), mais a relação do Interpretante com o novo signo, resultado da ligação que mantém com o Objeto Dinâmico e o Fundamento, o cunho nominativo que caracteriza a sétima classe de signos desmembra-se em seis grupos.

A Fig. indica esses grupos pela numeração de 33 a 38.


Consideradas também as categorias que os correlatos apresentam, como resultado da relação que estabelecem com os planos (Imediato, Dinâmico e Final), mais a relação do Interpretante com o novo signo, resultado da ligação que mantém com o Objeto Dinâmico e o Fundamento, o cunho classificatório que caracteriza a oitava classe de signos desmembra-se em quinze grupos. A Fig. indica esses grupos pela numeração de 39 a 53.


Consideradas também as categorias que os correlatos apresentam, como resultado da relação que estabelecem com os planos (Imediato, Dinâmico e Final), mais a relação do Interpretante com o novo signo, resultado da ligação que mantém com o Objeto Dinâmico e o Fundamento, o cunho conceitual que caracteriza a oitava classe de signos desmembra-se em dez grupos.

A Fig. indica esses grupos pela numeração de 54 a 63.


Consideradas também as categorias que os correlatos apresentam, como resultado da relação que estabelecem com os planos (Imediato, Dinâmico e Final), mais a relação do Interpretante com o novo signo, resultado da ligação que mantém com o Objeto Dinâmico e o Fundamento, o cunho argumentativo que caracteriza a décima classe de signos desmembra-se em três grupos. A Fig. indica esses grupos pela numeração de 64 a 66.
















Comments


bottom of page