top of page

Canção do Exílio (quase) sem Palavras


Quinta canção do ciclo CANÇÕES FORA DE TOM, é uma reconfiguração de CANÇÃO DO EXÍLIO SEM PALAVRAS, segunda canção do ciclo.


Sobre a mesma parte do piano, aqui é acrescentada a voz do canto, trazendo fragmentos do poema NOVA CANÇÃO DO EXÍLIO, de Carlos Drummond de Andrade.


Assim como a questão da difícil familiaridade com outras terras e paisagens, em situações de exílio, esta canção, no intento em que o ciclo foi criado, reduz elementos musicais e literários das obras em que foi inspirada, de modo a turvar o reconhecimento de suas origens, embaçando os padrões familiares de imagens que se esvaem. Procedimento que pode ser encontrado na variação que Carlos Drummond de Andrade faz do poema de Gonçalves Dias, como segue:




Drummond reescreve o poema de Gonçalves Dias, dispensando a rima mas mantendo a disposição estrófica, e reinterpretando o teor dos versos - um a um em alguns casos, juntando dois versos em outros - com novas palavras. Vocábulos que parecem condensar, concentrar ainda mais os termos da canção original, que também são mantidos em articulação com os que introduz.


Com intenção semelhante, direcionada ao propósito do ciclo CANÇÕES FORA DE TOM, trechos, às vezes palavras soltas, são extraídos do texto do poema de Drummond nesta canção (quase) sem palavras, no sentido em que o texto vai sendo exposto fragmentado (em que a palavra Sabiá vira interrogação: Sabe?) e aos poucos se incorpora ao fluxo contínuo do poema de Drummond.


Um sabiá na palmeira, longe. O sabiá, o longe.

Sabe? / Longe, / aves / cantam / um outro canto.  

 

O céu cintila / sobre flores úmidas / Vozes / na mata, / e o maior amor. 

 

Só, na noite, / feliz / seria: / palmeira, / longe.

Sabe? 

 

Onde tudo é belo e fantástico, só, na noite, seria feliz. 


 (Um sabiá na palmeira, longe.) 


Ainda um grito de vida e voltar para onde tudo é belo e fantástico: 

a palmeira, o sabiá, 

o longe.

















Comments


bottom of page