Canções de Elísio é um ciclo de canções cujos textos são poemas ou trechos de poemas de José Bonifácio.
Três dessas canções tematizam o amor romântico do autor por suas musas Derminda, Eulina e Alcina. A última canção fala do sentimento de amizade.
As canções do ciclo obedecem à sequência abaixo:
3. ODE
O título faz referência ao nome árcade do poeta, Américo Elísio, buscando ainda, em pretendida evocação fonética entre o título Canções de Elísio e o título do poema Canção do Exílio, de Gonçalves Dias, uma associação com as circunstâncias políticas que fizeram perpassar de afastamentos e separações tais envolvimentos amorosos.
Obs. O fato de que todos os textos pertencem a um santista (José Bonifácio) levou a integrar este ciclo ao álbum CANÇÕES DOS SANTOS DA CASA, um hiperciclo de canções (ciclo de ciclos) caracterizado por vínculos dos autores com a cidade de Santos.
Circunstancial também foi a gênese do ciclo. Originalmente, tais textos faziam parte do roteiro de uma encenação teatral da vida de José Bonifácio, na qual me coube a direção musical. Consistiam de nove escritos poéticos do patriarca da Independência do Brasil, para os quais seriam criadas nove canções, a cargo de nove compositores. Ao final, além de escrever a música de Cruel Partida, coube ao diretor musical suprir a desistência de dois compositores (Ode e Ode à Amizade), além da composição de Dois Sonetos para Derminda como medida estratégica de precaução, para uso alternativo em caso de eventual risco ao cronograma de montagem da trilha.
Como a proposta do espetáculo era desenvolver uma fusão de elementos eruditos e populares (Ópera-Samba), as canções tomavam como referência gêneros do repertório musical popular brasileiro (samba, marcha-rancho, samba-canção, xote, bossa-nova etc), em contraposição ao estilo árcade das poesias.
Em consequência, a escrita musical das peças não avançou para concepções finalizadas. As partituras representam assim esboços que, na época, serviram para a elaboração de arranjos, conforme procedimento típico da música popular.
A ideia de reunir as quatro canções num ciclo surgiu posteriormente, com a percepção de uma convergência temática nos textos. Embora o ciclo esteja assim caracterizado pelos registros sonoros feitos para a trilha do espetáculo (2013), uma audição atenta às formulações melódicas e prosódicas permite vislumbrar ecos de gêneros de transição entre o erudito e o popular, como é o caso de Cruel Partida e Dois Sonetos para Derminda, que se pretendia no espírito de modinhas. A se considerar, assim, uma possível reescrita das peças.
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