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A identidade histórica da Baixada Santista e o turismo


Artigo escrito a propósito da proposta de um vereador santista, sugerindo a instituição de uma data de fundação da Baixada Santista. Não como a realidade atual da região metropolitana, instituída na última década do século XX, mas como resgate histórico do início da colonização portuguesa no Brasil.


O artigo foi encaminhado ao Jornal da Orla, no sentido de refletir sobre vários aspectos envolvidos na questão, mas não foi publicado.







A identidade histórica da Baixada Santista e o turismo


Gil Nuno Vaz




O vereador Ademir Pestana (Santos), fundamentado em fatos históricos, propôs a adoção do ano de 1502, mais precisamente o dia 22 de janeiro, como data de fundação da Baixada Santista. Sugere, revelando certa perplexidade por ainda não ter sido resgatada essa realidade histórica, que a região metropolitana faça uma grande festa em comemoração aos seus 501 anos, daqui a alguns dias, aproveitando as oportunidades turísticas que isso potencializaria. A proposta dá ensejo a algumas considerações.


Primeiramente, é preciso consignar que ambas as idéias já fazem parte do Plano Diretor de Turismo (PDTUR) para a Região Metropolitana da Baixada Santista, cujo conteúdo pode ser acessado no site da AGEM (http://www.agem.sp.gov.br), que contratou os serviços do Centro Universitário Monte Serrat para a elaboração do plano.


Assumir essa unidade regional, entretanto – apesar da sua importância como fator de integração metropolitana – não é suficiente para desencadear uma ação que produza resultados significativos no mercado turístico. Se a identidade regional é relevante como motivação interna, na competição pela preferência dos turistas é necessário encontrar um forte diferencial mercadológico. O PDTUR não só propõe essa identidade histórica como vai buscar, em outros fatos e condições, a legitimidade necessária para sugerir um diferencial marcante, e apresenta diretrizes para a criação de eventos (e de um grande evento como referência metropolitana) e outras ações para exploração turística. Recomendo aos interessados uma visita ao site indicado, para maiores detalhes.


Quanto ao cronograma de implantação de medidas, o PDTUR certamente não recomenda ações em prazos curtíssimos, tais como a sugestão do vereador. Seria o mínimo de sensatez a se esperar de um planejamento. Acredito, contudo, que essa integração e a realização de ações interligadas venham a ocorrer em médio prazo. Acredito nisso porque a região está atingindo um ponto tal em que isso se torna praticamente inevitável. E esse ponto tem a ver com interesses diretamente ligados às forças econômicas dominantes. Quando isso acontece, as providências tendem a ser tomadas rapidamente e para valer. Vai aqui um exemplo contextualizado no assunto em discussão.


A proposta de uma identidade histórica centrada nos primórdios da região metropolitana da Baixada Santista não é coisa recente. Pode ser remontada ao ano de 1988, quando foi criado um Convention & Visitors Bureau da região (na época, considerando inicialmente cinco municípios – Bertioga ainda pertencia a Santos). A instituição atuou, a duras penas, durante alguns anos, sem apoio oficial, e foi desativada. O interesse central, na época, era a preparação da região para uma ação consistente e planejada no mercado turístico. Seu problema: não trazia resultados imediatos para os investidores, e a região ainda não havia enfrentado as dificuldades econômicas que viriam na década seguinte. Quando o interesse econômico dominante gerou um centro de convenções, um novo Convention Bureau foi imediatamente constituído, com o apoio de todos os municípios.


A utilização da identidade histórica da Baixada Santista, como constituição de um diferencial mercadológico para o turismo regional, parece depender mais da satisfação de interesses econômicos do que da superação de egoísmos e separatismos, como afirma o vereador.



Participação de Gil Nuno Vaz no programa Opinião, da TV Mar, em 2002, sobre a situação do turismo na Baixada Santista, com citação sobre o terceiro convention bureau do Brasil, a Fundação Pró-Turismo e Eventos do Litoral Santista.





























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